Taesa (TAEE11): Estabilidade Consistente em Meio a Cenário de Juros Elevados

A Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (Taesa), uma das maiores empresas de transmissão de energia do Brasil, apresenta em seu primeiro trimestre de 2025 resultados que reforçam sua característica de Estabilidade Consistente, mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador com juros ainda elevados.

Este relatório analisa o desempenho da companhia sob a ótica do investidor de longo prazo (Buy and Hold), avaliando seus fundamentos, perspectivas e comportamento técnico recente.

📊 Análise Fundamentalista Comparativa (Estabilidade Consistente)

A análise fundamentalista da Taesa revela uma empresa com perfil defensivo e geração de caixa previsível, características altamente valorizadas em momentos de incerteza econômica.

A Estabilidade Consistente da companhia é evidenciada pelos resultados do 1T25, que mostram crescimento em indicadores-chave quando comparados ao mesmo período do ano anterior (1T24) e ao trimestre imediatamente anterior (4T24).

Desempenho Operacional e Financeiro (1T25 vs 1T24 vs 4T24):

A receita líquida regulatória atingiu R$ 597,9 milhões no 1T25, representando um aumento de 3,8% em relação ao 1T24. Este crescimento foi impulsionado principalmente pela entrada em operação dos reforços de Novatrans (adicionando 6,2 milhões à receita) e pela energização parcial (20%) do empreendimento de Pitiguari (contribuindo com R$ 1,2 milhão), que foi entregue com impressionantes 26 meses de antecipação em relação ao prazo regulatório da ANEEL.

O EBITDA (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) regulatório alcançou R$ 509,6 milhões no 1T25, um aumento de 6,9% em comparação ao 1T24, com margem EBITDA de 85,2% (versus 82,8% no 1T24). Esta expansão de margem demonstra a Estabilidade Consistente e a eficiência operacional da companhia, que conseguiu controlar seus custos mesmo em um ambiente inflacionário.

Um destaque positivo foi a redução de 10,8% no OPEX (despesas operacionais) regulatório, que caiu para R$ 88,3 milhões no 1T25. Mesmo excluindo eventos não recorrentes do 1T24, a redução foi de 0,7% ano contra ano, um feito notável considerando a inflação de 5,5% acumulada nos últimos 12 meses. Esta eficiência operacional é um dos pilares da Estabilidade Consistente da Taesa.

O lucro líquido regulatório do 1T25 foi de R$ 188,3 milhões, praticamente estável (-0,7%) em relação ao 1T24. Já sob as normas IFRS, o lucro líquido atingiu R$ 365,2 milhões, uma leve redução de 2,5% em comparação aos R$ 374,7 milhões do 1T24. Esta pequena variação negativa foi influenciada principalmente pela redução da margem de implementação em função do atraso no licenciamento ambiental do projeto Ananaí (impacto de R$ 107 milhões) e pelo aumento das despesas financeiras devido a índices macroeconômicos mais elevados e maior dívida líquida (impacto de R$ 37,9 milhões).

Endividamento e Estrutura de Capital:

A dívida líquida da Taesa encerrou o 1T25 em R$ 11,5 bilhões, com uma relação Dívida Líquida/EBITDA regulatório de 4,1x, ligeiramente acima dos 4,0x registrados no 1T24. Embora este indicador tenha aumentado, ele permanece em patamares gerenciáveis para uma empresa de infraestrutura com receitas reguladas e previsíveis, reforçando a Estabilidade Consistente de sua estrutura financeira.

A companhia realizou em janeiro de 2025 sua 17ª emissão de debêntures verdes incentivadas, captando R$ 650 milhões com condições bastante atrativas: custo de NTN-B 40 - 15 bps, prazo de 15 anos e 3 anos de carência no pagamento de juros. Esta operação demonstra o acesso privilegiado da empresa ao mercado de capitais e sua capacidade de refinanciar dívidas em condições favoráveis, mesmo em um cenário de juros elevados.

O perfil da dívida é majoritariamente indexado ao IPCA (66%), seguido por CDI (32%) e uma pequena parcela em IGP-M (2%), com prazo médio de 4,7 anos. A companhia mantém rating AAA.br (Moody's) e AAA(bra) (Fitch), ambos com perspectiva estável, evidenciando sua solidez financeira e Estabilidade Consistente.

Investimentos e Projetos em Andamento:

A Taesa mantém um robusto pipeline de projetos em construção, com 5 empreendimentos greenfield e 5 reforços de grande porte. O CAPEX do 1T25 foi de R$ 267,9 milhões, um expressivo aumento de 247% em relação ao 1T24, refletindo o avanço na execução dos projetos.

Os destaques incluem a energização antecipada dos dois reforços de Novatrans, com RAP autorizada total de R$ 38,9 milhões, e a entrada em operação parcial de Pitiguari com 26 meses de antecipação. Os projetos Saíra, Tangará e Pitiguari estão evoluindo conforme o esperado, com expectativa de antecipação de mais de 2 anos em relação ao prazo ANEEL, enquanto Ananaí enfrenta atrasos no licenciamento ambiental, mas ainda assim deve ser entregue com antecipação de 11 a 15 meses.

Esta capacidade de entregar projetos antes do prazo regulatório é um diferencial competitivo da Taesa e contribui para sua Estabilidade Consistente, pois permite a antecipação de receitas e a otimização do retorno sobre o capital investido.

Múltiplos e Valuation:

Analisando os múltiplos da TAEE11 (dados de junho/2025), observamos indicadores que refletem seu perfil de empresa de infraestrutura com fluxo de caixa estável:

Preço/Lucro (P/L): Em torno de 9,5x, abaixo da média histórica da empresa e do setor elétrico brasileiro, que costuma negociar entre 10-12x.

Preço/Valor Patrimonial (P/VP): Aproximadamente 1,6x, indicando que a ação negocia com prêmio em relação ao seu valor contábil, justificado pela qualidade dos ativos e previsibilidade de receitas.

Dividend Yield (DY): Próximo de 7,9% ao ano (considerando os proventos anunciados nos últimos 12 meses), um patamar atrativo em comparação com outras empresas do setor elétrico e com a taxa Selic atual.

A política de distribuição de proventos da Taesa é um dos pilares de sua atratividade para investidores Buy and Hold. No 1T25, a companhia anunciou a distribuição de R$ 188,3 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP), equivalente a 100% do lucro líquido regulatório do trimestre ou 53% do lucro líquido IFRS. Esta prática de distribuição consistente reforça a característica de Estabilidade Consistente da empresa.

📈 Análise Técnica do Gráfico Diário (Estabilidade Consistente)

O gráfico diário de TAEE11 (até 08/06/2025) apresenta um cenário técnico que reflete a Estabilidade Consistente da empresa, com o preço negociando atualmente na faixa dos R$ 34,37, após um período de consolidação.

Analisando as médias móveis principais:

MMS 20 (azul, ~R$ 35,31): Atua como resistência de curto prazo, com o preço ligeiramente abaixo dela.

MMS 50 (verde, ~R$ 34,98): Está próxima ao preço atual, funcionando como suporte/resistência imediato.

MMS 200 (vermelha, ~R$ 34,22): Posicionada abaixo do preço atual, oferecendo suporte de longo prazo.

O comportamento recente mostra uma tentativa de recuperação após atingir mínimas próximas a R$ 32,00 em abril/2025. O preço formou um fundo mais alto que o anterior (de dezembro/2024), sugerindo uma possível reversão da tendência de baixa de curto prazo.

Quanto ao Índice de Força Relativa (RSI - 9 períodos) está em torno de 35,17, um patamar neutro a levemente baixo, indicando que o papel não está nem sobrecomprado nem sobrevendido, mas com espaço para recuperação caso surjam catalisadores positivos.

Com relação ao volume financeiro, este tem se mantido estável, sem grandes oscilações que indiquem movimentos especulativos ou de capitulação, o que é coerente com o perfil de Estabilidade Consistente da empresa e sua base de investidores predominantemente de longo prazo.

Observando o gráfico em uma perspectiva mais ampla, nota-se que TAEE11 tem operado em um canal lateral desde meados de 2023, com suportes na região dos R$ 32,00−33,00 e resistências próximas a R$ 36,00-38,00. Este comportamento é típico de empresas com fundamentos sólidos e previsíveis, como a Taesa.

É possível observar que investidores institucionais e de longo prazo têm demonstrado interesse na região dos R$ 32,00−33,00, onde o papel encontrou suporte nas últimas correções. Por outro lado, a região dos R$ 36,00-38,00 tem atuado como zona de resistência, onde historicamente ocorrem realizações de lucro.

O comportamento técnico atual está alinhado com os fundamentos da empresa, refletindo sua Estabilidade Consistente em um mercado que tem privilegiado empresas com fluxo de caixa previsível e dividendos recorrentes, especialmente em um cenário de juros ainda elevados.

⚠️ Riscos

Apesar da Estabilidade Consistente demonstrada pela Taesa, alguns riscos devem ser considerados:

Risco Regulatório: Como empresa do setor de transmissão de energia, a Taesa está sujeita a decisões da ANEEL que podem impactar suas receitas, como revisões tarifárias e mudanças nas regras de remuneração dos ativos.

Risco de Taxa de Juros: Com 66% de sua dívida indexada ao IPCA e 32% ao CDI, a empresa é sensível a variações nas taxas de juros e na inflação, o que pode pressionar seu resultado financeiro em cenários de alta persistente desses indicadores.

Risco de Execução: Atrasos ou sobrecustos nos projetos em construção podem impactar as projeções de crescimento da companhia, como já observado no caso de Ananaí devido a questões de licenciamento ambiental.

Risco Macroeconômico: Deterioração do cenário econômico brasileiro pode afetar o custo de capital da empresa e sua capacidade de refinanciamento em condições favoráveis.

Risco de Liquidez das Ações: Embora TAEE11 tenha um free float de 83,37%, sua liquidez é moderada no mercado brasileiro, o que pode dificultar movimentações de grandes volumes sem impacto no preço.

💡 Conclusão: Navegando com Estabilidade Consistente

A Taesa (TAEE11) apresenta um quadro de Estabilidade Consistente para o investidor Buy and Hold, com fundamentos sólidos, crescimento moderado e previsível, e uma política de distribuição de proventos atrativa. Os resultados do 1T25 reforçam esta percepção, com crescimento da receita e do EBITDA, controle eficiente de custos e avanço nos projetos em construção.

A empresa continua demonstrando sua capacidade de entregar projetos antes do prazo regulatório, o que contribui para a antecipação de receitas e a otimização do retorno sobre o capital investido. Sua estrutura de capital, embora com alavancagem moderada, é compatível com seu modelo de negócio regulado e com fluxo de caixa previsível.

Do ponto de vista técnico, TAEE11 apresenta um comportamento condizente com seu perfil defensivo, operando em um canal lateral com suportes e resistências bem definidos. O momento atual sugere uma possível recuperação após correção recente, com o preço buscando superar a média móvel de 20 períodos.

Para o investidor de longo prazo focado em renda, a Taesa oferece um dividend yield atrativo em comparação com outras alternativas do mercado, sustentado por um negócio regulado com receitas previsíveis e indexadas à inflação. Esta característica tende a ser valorizada em um cenário de juros ainda elevados, onde a previsibilidade e a Estabilidade Consistente ganham ainda mais relevância.

Em suma, TAEE11 representa uma opção para compor uma carteira diversificada, especialmente para investidores que buscam exposição ao setor de infraestrutura com menor volatilidade e geração de renda recorrente através de dividendos.

⚠️Disclaimer

Este relatório tem fins informativos e não constitui recomendação de compra ou venda de ativos. O investidor deve realizar sua própria análise e consultar um profissional qualificado antes de tomar qualquer decisão de investimento.

📚Referências

Infomações coletadas no site de RI da TAESA
Imagens extraídas do Tradingview.

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